Desafios da Logística na Distribuição de Insumos Agropecuários

"Desafios da Logística na Distribuição de Insumos Agropecuários" é o tema abordado por Matheus Alberto Cônsoli, Rafael Vieira e Fábio Delsin, abrindo uma sequência de artigos.

Diante do movimento de consolidação das indústrias e revendas de insumos agropecuários, o cenário de continuidade da expansão e do surgimento das plataformas de distribuição já é bastante conhecido e cada anúncio de uma nova fusão ou aquisição mostra a rápida movimentação pela qual este segmento está passando. Neste contexto, temas de eficiência operacional e como melhor atender às demandas dos clientes surgem como diferenciais competitivos entre os diferentes players, e estão muito ligados à melhoria das operações, como armazenagem e transporte.

Assim, considerando estes temas relacionados à Logística, surgem algumas perguntas centrais:

  1. Como fica o desafio logístico diante deste novo formato no segmento de oferta de insumos?
  2. Como se dará a eficiência do abastecimento dos depósitos das lojas e dos centros de distribuição?  
  3. Com a aproximação dos motoristas autônomos dos embarcadores através das Logtechs, quais serão as tendências da gestão de fretes?
  4. Como está sendo o gerenciamento de riscos de armazenagem e transportes de cargas?
  5. O custo logístico total com a indústria e distribuidores (revendas e cooperativas) está assegurando a eficiência operacional até a chegada dos produtos no produtor rural?

Essas são perguntas chave que buscaremos tratar nesta primeira série sobre os Desafios da Logística na Distribuição de Insumos Agropecuários.

Em março de 2021, na publicação “Eficiência Operacional: A Próxima Onda Estratégica no Negócio Agro e na Distribuição de Insumos” (acesse no link), a Markestrat falava como essa eficiência operacional entraria cada vez mais nas mesas de discussão dos distribuidores. Hoje, esta onda já chegou. Observando algumas cadeias de abastecimento, percebe-se que foram impactadas pelos efeitos da pandemia de COVID-19, por conflitos geopolíticos e pelo aumento da demanda global por alimentos, matéria-prima, energia e commodities nos últimos anos. Tudo isso impactou diretamente nos preços dos insumos, bem como nos custos operacionais em todas as cadeias agroindustriais. Dessa forma, a discussão de aumentar a eficiência operacional através de metodologia para redução de custos logísticos precisa estar nas prioridades estratégicas das empresas, dado que estes custos podem variar de 2% a 5% do faturamento líquido, dependendo do elo da cadeia.

Independente do posicionamento estratégico da empresa, seja de liderança em produto, seja de intimidade com o cliente ou de foco na excelência operacional, as atividades como gestão de estoques, movimentação, armazenagem, transporte, gerenciamento de riscos e todo ecossistema envolvido com as ações logísticas podem primeiro servir como alavanca de margem, com potenciais savings e melhoria da rentabilidade do negócio na última linha, e depois trazer oportunidades de novos serviços no futuro. Essas análises têm ocorrido cada vez mais, uma vez que as organizações têm se desafiado na redução de custos fixos e transacionais, na otimização de processos e na eliminação de elos intermediários em algumas operações.

Vamos abordar nessa sequência de artigos algumas questões e discussões exatamente sobre este tema dos custos logísticos. Nesta busca de economias não há fórmulas prontas, mas a partir de diagnóstico e análises, discussões em conjuntos e insights e percepções acerca das principais atividades logísticas na empresa, é possível levantar pontos de melhorias, necessidades de ajustes nestas atividades logísticas e modelos de negócios com potenciais savings bastante significativos e muito conectados com as estratégias de assegurar eficiência operacional nos distribuidores.

Este tema é bastante significativo quando consideramos as margens dos negócios da distribuição de insumos, que estão cada vez mais apertadas em um ambiente mais competitivo com o passar do tempo. Se antes o foco era muito de olhar para o futuro e entender como a empresa poderia crescer e aproveitar as oportunidades de mercado, hoje se faz necessário olhar também para as operações e buscar as otimizações necessárias, e é aqui que uma revisão da estratégica logística conectada à estratégia da empresa pode fazer a diferença.

O primeiro passo sempre deve ser o de realizar um diagnóstico a partir de dados históricos e simulando projeções futuras para o negócio, na sequência, a partir desse arcabouço de dados e informações, discutir qual o modelo logístico mais adequado ao posicionamento estratégico adotado e aos objetivos traçados pela empresa, sempre considerando o momento e as tendências de mercado, bem como o cenário econômico-financeiro. Apesar desta complexidade e destes fatores que devem ser levados em consideração, há um fator determinante: não há como buscar resultados diferentes realizando as atividades da mesma forma – é preciso inovar e não criar mais complexidade na execução.

Nessa linha, buscaremos levantar estes temas para discussão e responder às perguntas centrais do início deste artigo de uma forma simples e objetiva, permitindo a todos um exercício de pensar e refletir na atual situação da operação logística em suas empresas. Nos próximos artigos então, voltaremos a abordar estes temas e discutir, principalmente do ponto de vista dos distribuidores, grandes oportunidades e desafios relacionados à Logística no Agronegócio. Bom trabalho a todos!