Biodefensivos: mercado e posicionamento dos distribuidores.

Fernando Kolya aborda neste artigo algumas técnicas sobre o uso de agentes biológicos.

Voltando ao terceiro ano do curso de agronomia, lembro das aulas de entomologia e controle de pragas. Aprendi o conceito de manejo integrado de pragas (MIP), e de maneira breve, foram apresentadas algumas técnicas sobre o uso de agentes biológicos para controle de pragas. Lembro-me principalmente das iscas com feromônio para atração de moscas e das vespas para controle de lagarta. Isso ocorreu em 2009, dois anos antes havia sido fundada a ABCBio (Associação Brasileira das Empresas de Controle Biológico). Naquela época falava-se da importância dos agentes biológicos e o papel que deveriam assumir como controle complementar ao uso de defensivos. O discurso continua atual, conforme informações do MAPA, em 2016, foram registrados 39 produtos biológicos e 75 produtos químicos formulados. Estimativas da empresa de pesquisa Markets e Markets¹, prevê que até 2022 o mercado mundial de biodefensivos deva alcançar US$8,82 bilhões, frente aos atuais US$3,36 bilhões. Esta expansão corresponde a uma taxa de 17,4% ao ano, e deve ser muito superior ao crescimento de defensivos químicos no ano de 2016 teve retração no Brasil.

Em palestra do 1º Forum de Biodefensivos que ocorreu em São Paulo entre os dias 29 e 30/08/17, da qual participei, estavam presentes a maioria das grandes empresas de defensivos somadas às empresas com foco em controle biológico, tal como a líder mundial Koppert. A visão do presidente da FMC, Ronaldo Pereira, foi bem clara, é preciso pensar em complementariedade, os mercados coexistem e ambos são importantes, não se trata de um produto ou outro, mas sim, um produto e outro. A mensagem que fica para os distribuidores é que esse negócio está no radar das grandes empresas de defensivos químicos, pois tem um bom potencial de elevar receitas e margens.

A entrada das multinacionais neste mercado se dá na forma de aquisições e/ou parcerias no fornecimento de produtos. Como exemplo, a Bayer adquiriu em 2012 a empresa americana AgraQuest, especializada em controle biológico e para entrar no mercado de tratamento biológico de sementes, adquiriu a Argentina Biagri em 2014. Muitas empresas foram incubadas ou tiveram forte ligação com instituições de pesquisa. O produto Rizotec da Stoller, um nematicida biológico, foi desenvolvido pela Rizoflora, uma empresa spin-off do laboratório de controle biológico da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e adquirida pela Stoller em 2016.

Os distribuidores de insumos devem estar atentos a este mercado e aqueles que buscam se diferenciar em serviços e assistência técnica devem direcionar a formação técnica de sua equipe comercial para este negócio. Em um mercado novo e em expansão, os que saem na frente conseguirão surfar por mais tempo a onda de boas margens, além de claro, se posicionar no mercado como um vanguardista das novas tecnologias. Sabemos que isto é muito valorizado pelo produtor rural, que está em busca constante por inovação.

Há, no entanto, um desafio considerável para os agrodistribuidores. Ainda hoje, os técnicos e agrônomos não tem uma formação suficientemente boa em controle biológico, tanto em aspectos técnicos quanto em aspectos práticos da tecnologia e por isso o investimento em capacitação da equipe se torna ainda mais relevante. Os agrodistribuidores assumem hoje um importante papel na difusão de tecnologia, mas para isso precisam de apoio de seus fornecedores. Por isso, quando estiver buscando empresas que trabalham com controle biológico de pragas, investigue a capacidade desta empresa em fornecer treinamento para sua equipe e em desenvolver ações técnicas no campo.

Se você ainda não trabalha com produtos biológicos, se informe, busque parceiros, esteja preparado para aproveitar o potencial deste mercado e seja o distribuidor que os fornecedores querem ter!

fonte: http://www.marketsandmarkets.com/PressReleases/biopesticide.asp

Atuação na área de estratégia de canais de distribuição, planejamento estratégico e governança familiar.
Mestre em Administração (FEA-USP), é Engenheiro Agrônomo pela ESALQ/USP.