As Mudanças na Indústria e a Distribuição de Insumos (VII)

Matheus Cônsoli e Matheus Marino finalizam esta sequência de artigos e falam sobre abordagem do sexto cenário da distribuição de insumos.

Discutimos nessa sequência de artigos alguns potenciais cenários que visualizamos para a distribuição de insumos considerando a crescente integração entre fabricantes e indústrias, principalmente em Defensivos e Sementes. Abordamos algumas situações de maneira especulativa, discutindo com agentes e profissionais, considerando também outras variáveis de mercado, como as novas tecnologias, modelos de negócios inovadores, atração de investimentos, AgTech e crescimento dos genéricos.

Listamos e discutimos nos artigos anteriores os cinco primeiros cenários e nesse último artigo finalizamos com a abordagem do sexto cenário listado nessas consultas a profissionais do setor. Vale lembrar, como já comentado, que esses cenários não são totalmente independentes, sendo alguns complementares e outros excludentes, e servem apenas como reflexão para as estratégias futuras e planejamento das empresas.

  1. Maior concentração na distribuição e menor exclusividade com fornecedores;
  2. Concentração na distribuição e maior exclusividade com fornecedores;
  3. Concentração na distribuição e surgimento de negócios de nicho;
  4. Concentração na distribuição com desenvolvimento do atacado (redistribuidor);
  5. Pouca concentração na distribuição e ampliação das vendas diretas;
  6. Maior integração na cadeia indústria – distribuição – produtor.

Como listado, o nosso último cenário aqui abordado trata da possibilidade de maior integração na cadeia, onde a indústria pode se envolver mais na relação e organização da cadeia desde os insumos e potencialmente até os consumidores.

As premissas nesse cenário envolvem a tentativa da indústria em agregar valor aos clientes e às cadeias produtivas por meio de serviços e expertise, dado que alguns produtos podem perder valor devido à concorrência com genéricos e outras variáveis. Assim, uma integração na cadeia pode ser uma proteção e “lock in” garantindo por mais tempo o posicionamento, relacionamento, fidelidade, margens e barreira à entrada de concorrentes.

Novamente, essas iniciativas já existem em alguns mercados, como no café, algumas frutas, iniciativas em cana de açúcar e mesmo na pecuária. Entretanto, são ainda iniciativas isoladas, que individualmente representam pouco do faturamento total das empresas.

Nesse cenário, entretanto, as indústrias tenderiam a reforçar essas inciativas, aproveitando a sua rede de distribuição (que estariam auferindo menor margem no modelo atual de distribuição) como distribuidores, mas também prestadores de serviço que podem incluir o negocio atual de insumos, mas também rastreabilidade, informações e até comercialização dos produtos finais dos seus produtores/clientes.

O valor agregado dessa integração na cadeia é em partes capturado pela indústria que coordena e toma a inciativa, mas distribuído em forma de preços, qualidade superior, serviços e garantias (de comercialização, acesso a mercados, menor variação de oferta/demanda por exemplo) aos agentes, principalmente os produtores e compradores finais.

Para a indústria, isso demanda equipes multifuncionais, investimentos, pessoas e “paciência” até que as iniciativas se consolidem e comecem a retornar investimentos (isso pode durar anos!). Para distribuidores, a saída do status quo do negócio atual e “abrir a cabeça” a novos modelos pode ser um dos grandes limitantes. Você está preparado para isso? O que muda no seu modelo de negócios? Reflita um pouco, pois talvez essa oportunidade bata na sua porta. Bom trabalho!

 

Matheus Albeto Cônsoli ?? Especialista em Estratégias de Negócios, Gestão de Cadeias de Suprimentos, Distribuição e Marketing, Vendas e Avaliação de Investimentos. Doutor pela EESC/USP. Mestre em Administração pela FEA/USP. Administrador de Empresas pela FEA-RP/USP. Professor de MBA??s na FUNDACE, FIA, FAAP, PECEGE/ESALQ, entre outros.
Email: consoli@markestrat.org

Matheus Kfouri Marino - Especialista em estratégia empresarial, go to market (aceso à mercado), programas de incentivos e relacionamento, gestão de clientes, inteligência competitiva, gestão de revendas e cooperativas agroindustriais. Doutor em Administração pela FEA-USP em 2005, Mestre em Engenharia de Produção pela UFSCar em 2001, Engenheiro Agrônomo na FCAVJ-UNESP em 1997. Professor da FGV-EESP (Escola de Economia de São Paulo) e Sócio da Markestrat.