Matheus Cônsoli e Matheus Marino falam sobre as mudanças na indústria fornecedora de insumos.
O Ano de 2016 foi bastante dinâmico para o agronegócio. As questões econômicas no Brasil e no mundo deram certo grau de emoção, com variações de preços em USD e câmbio impactando a dinâmica de mercado.
Entretanto, talvez não muito percebido ainda, as mudanças na indústria fornecedora de insumos, destacadamente de defensivos, sementes e fertilizantes poderão ter impactos profundos na estrutura de mercado. Infelizmente, é difícil saber ao certo a nova dinâmica que a distribuição de insumos poderá experimentar nos próximos anos, mas nos arriscamos aqui a tecer alguns cenários.
Primeiramente, há de se reconhecer o importante e estratégico movimento de consolidação, ajuste de portfolio, posicionamento estratégico e potencial sinergias dos negócios que já foram anunciados recentemente, tais como:
- Aquisição da Syngenta pela ChemChina ( sendo que a ChemChina também é controladora da Adama, mesmo que de forma idependente);
- Bayer e Monsanto;
- Dow e Dupont;
- FMC e Cheminova;
- Arysta e Chemtura (Platform Specialty Products);
- Albaugh (Integrou Atanor e Consagro no Brasil);
- Potash Corp e Agrium (nos EUA e Canadá);
- PSC do Canadá comprando participação na Heringer;
Ademais, tivemos nos últimos anos no Brasil movimentos de empresas distribuidoras, indústrias e cooperativas, tais como:
- Agrex (Ceagro e Mitsubish);
- Agroamazônia e Sumitomo;
- Sinagro e UPL;
- Fiagril e Amerra (depois para H. Dekang P. Farming da China);
- Aminoagro, Dimicron e Rural Brasil (fundo Aqua Capital);
- Produquimica e Compass Minerals;
- Biosoja, Samaritá, Granorte (Grupo Vittia);
- CVale e Marasca;
- Coopercitrus (integrou-se com 5 outras cooperativas em SP e MG);
Esses são alguns exemplos de movimentos de consolidação que já vimos comentando há tempos. Sem citar ainda movimentos com as Tradings, tal como a Cofco que adquiriu Noble e a Nidera.
O setor de fertilizantes também se concentra mundialmente com notório estreitamento da cadeia, ou seja, fabricantes globais de nutrientes investindo em estruturas próprias de mistura. A estratégia até então pautada na comercialização direta para produtores via representantes comerciais agenciados perde espaço para comercialização via agrodistribuidores. A leitura deste mercado sinaliza a sobrevivência de poucas multinacionais competitivas focadas na fabricação de fertilizantes que delegará a comercialização para agentes especializados. Esta operação exigirá conhecimento e crédito por parte do agrodistribuidor.
Assim, considerando especificamente o negócio de insumos, com foco em defensivos e sementes, verifica-se uma forte concentração em movimento. Naturalmente, em paralelo a isso, há que se considerar o avanço dos genéricos e desafios para o desenvolvimento de novas tecnologias. E quais impactos dessas mudanças na distribuição de insumos?
Trataremos nos próximos artigos alguns cenários tentativos de possíveis mudanças, oportunidades, impactos e naturalmente, desafios e riscos para o negócio de distribuição.