O Desenvolvimento das Cooperativas Parte IV - Modelos de Financiamento

Matheus Cônsoli da continuidade no artigo anterior, onde falou sobre o desenvolvimento das cooperativas e o aumento da distribuição de insumos.

No artigo anterior, discutimos o desenvolvimento das cooperativas tratando do tema da capilaridade da equipe de campo. Outros fatores têm suportado o desenvolvimento e aumento da relevância das cooperativas na distribuição de insumos tais como a expansão geográfica, capilaridade da equipe de campo, amplo portfólio de soluções, suporte técnico e novos negócios/diversificação.

Tratamos nesse artigo de um tema diferencial para as cooperativas que envolve os modelos de financiamento. Se considerarmos o momento do agronegócio, onde temos limitações crescentes de disponibilidade de crédito público e privado, maior custo de capital devido aos patamares de juros e risco do Brasil, dificuldades do produtor conseguir linhas de crédito e limitações (algumas financeiras, outras operacionais e mesmo culturais) de se ofertar garantias reais ou outras alternativas e o risco conjuntural e climático, quem tem possibilidade de oferecer crédito, tem vantagens.

Mas não é só da oferta de crédito que estamos tratando, e isso tem que ficar claro. As melhores cooperativas nos últimos anos melhoraram demasiadamente sua gestão financeira, gestão operacional e de riscos; com isso passaram a acessar fontes de crédito (mercado financeiro e fornecedores) com menores custos; ademais, podem oferecer o sistema de crédito rural e tem ampliado os bancos cooperativos como agentes financeiros, que também financiam seus cooperados.

De uma maneira não tão explicita, as cooperativas (logicamente muitas revendas também) tem sido capazes “garantir renda” aos produtores, uma vez que vende insumos, financia, vende seguros para alavancar crédito, faz operações de hedge e operações estruturadas, recebe e compra a produção do cooperado. Nesse ciclo, apesar da restrição de crédito ainda ser presente, reduz-se o risco consideravelmente.

Como consequência, o modelo de gestão financeira, riscos e crédito das cooperativas tem feito com que esse canal seja ao mesmo tempo atrativo para o produtor (portfólio de produtos com crédito), quanto para os fornecedores (menor risco), que incentiva ainda mais o direcionamento de negócios para cooperativas.

Para as revendas o desafio de crédito (alinhado com gestão financeira e de risco) tem sido um grande limitador de desenvolvimento. A melhoria de ratings, processos, parcerias com fornecedores e instituições financeiras, busca de investidores e fusões/aquisições, operações estruturadas, e muito esforço no cadastramento de clientes e análise consistente de crédito é mandatório para a manutenção da competitividade, para não dizer da sobrevivência! Bom trabalho a todos.

 

 

Sobre Matheus Alberto Cônsoli
Matheus Albeto Cônsoli ?? Especialista em Estratégias de Negócios, Gestão de Cadeias de Suprimentos, Distribuição e Marketing, Vendas e Avaliação de Investimentos. Doutor pela EESC/USP. Mestre em Administração pela FEA/USP. Administrador de Empresas pela FEA-RP/USP. Professor de MBA??s na FUNDACE, FIA, FAAP, PECEGE/ESALQ, entre outros.